O ano de 2023 foi marcado por uma série de desafios para o comércio exterior, como a guerra na Ucrânia, conflitos no Oriente Médio, alta inflação, escassez de insumos, grande busca por iniciativas referentes à agenda ESG e Economia Verde, negociação do acordo MERCOSUL, intempéries climáticas, entre outros acontecimentos.
Apesar da grande movimentação no Comex, a balança comercial registrou um superávit de US$ 80,2 bilhões de janeiro a outubro deste ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICS).
A guerra na Ucrânia foi um dos principais desafios para o comércio exterior em 2023.
O conflito provocou uma interrupção no fornecimento de commodities, como petróleo e gás natural, e também aumentou a incerteza econômica global.
As intempéries climáticas como chuvas excessivas no sul do Brasil e a seca na região Norte, além da seca que atingiu o Canal do Panamá foram grandes protagonistas negativas.
As ocorrências provocaram redução e até paralisação de atividades portuárias, reduzindo o fluxo logístico e causando atrasos nas entregas.
O Mercosul avançou na negociação de novos acordos comerciais em 2023.
Atualmente, é formado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Porém, esta última está suspensa dos seus direitos e deveres.
Além disso, o bloco também conta com "Estados Associados", que seriam a Bolívia, em processo de adesão ao Mercosul, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.
O bloco concluiu as negociações de um acordo comercial com a Índia, que ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos quatro países.
O acordo prevê a redução de tarifas de importação para produtos de ambos os lados.
O MERCOSUL também iniciou as negociações de um acordo comercial com a União Europeia.
As negociações ainda estão em andamento, mas o acordo tem o potencial de ser um dos maiores acordos comerciais do mundo.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária, aprovada em 2023, incluiu uma série de alterações na legislação tributária brasileira que podem impactar o comércio exterior.
Uma das principais alterações é a criação do imposto sobre bens e serviços (IBS), que substituirá o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
A PEC também prevê a simplificação da tributação de importações, com a redução da quantidade de impostos e taxas.
Em 2023, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) realizou uma série de alterações no regime de drawback para facilitar o acesso das empresas a esse benefício.
Entre as principais alterações, destacam-se:
• Ampliação da lista de produtos elegíveis: o MDIC ampliou a lista de produtos elegíveis ao regime de drawback, incluindo novos setores da indústria.
• Simplificação do processo de habilitação: o MDIC simplificou o processo de habilitação ao regime de drawback, tornando-o mais acessível às empresas.
As alterações no regime de drawback devem facilitar o acesso das empresas às exportações, tornando-as mais competitivas.
A eleição presidencial na Argentina, realizada em outubro de 2023, resultou na vitória de Javier Milei, candidato da extrema direita.
A eleição de Milei traz incertezas para o comércio exterior entre Brasil e Argentina.
O novo presidente argentino é um crítico do Mercosul e defende a adoção de uma política comercial mais liberal.
Se Milei implementar sua agenda, isso pode levar a uma redução das tarifas de importação na Argentina, o que pode prejudicar as exportações brasileiras.
A economia verde e os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) estão ganhando cada vez mais importância no mundo.
No comércio exterior, as empresas estão sendo pressionadas a adotar práticas sustentáveis e a melhorar sua governança corporativa.
Conheça algumas ações que as empresas podem tomar para adotar práticas ESG no comércio exterior:
• Investir em fontes de energia renováveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa;
• Reduzir o consumo de água e energia;
• Promover a reciclagem e a reutilização de materiais;
• Adotar uma política de compras sustentáveis;
• Respeitar os direitos dos trabalhadores;
• Promover a diversidade e a inclusão;
• Combater a corrupção e a lavagem de dinheiro.
A adoção de práticas ESG é uma tendência que está ganhando força no mundo todo.
As empresas que se anteciparem a essa tendência estarão mais bem posicionadas para aproveitar as oportunidades do futuro.
A inflação também foi um desafio para o comércio exterior, aumentando os custos de produção e transporte, o que pressionou os preços das mercadorias.
Além disso, as empresas exportadoras tiveram que aumentar os preços de seus produtos para compensar o aumento dos custos, o que reduziu a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
Outro ponto que merece atenção é que as empresas importadoras também sofreram com o aumento dos preços, o que impactou no aumento dos custos das empresas brasileiras.
A escassez de insumos foi outro desafio para o comércio exterior. A escassez de chips e componentes eletrônicos, também pressionou os preços das mercadorias.
Confira, a seguir, algumas dicas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades no Comex em 2024:
• Adapte-se aos desafios: as empresas devem estar preparadas para lidar com os desafios que moldam o cenário do comércio global. Isso inclui a diversificação dos mercados, a negociação de contratos com preços flexíveis e o desenvolvimento de estratégias de trade compliance eficazes.
• Aproveite as oportunidades: as empresas também devem estar atentas às oportunidades que surgem, como o crescimento do e-commerce e a expansão da sustentabilidade. Isso inclui investir em tecnologia, desenvolver novos produtos e serviços, buscar novos mercados e parceiros comerciais.
• Invista em tecnologia: Ela pode ajudar as empresas a enfrentar os desafios do comércio exterior, como a volatilidade dos preços e a complexidade das regulamentações. As companhias podem investir em soluções tecnológicas para automatizar processos, melhorar a eficiência e reduzir custos.
• Construa relacionamentos: Eles são essenciais para o sucesso no comércio exterior. Os gestores e funcionários devem construir relacionamentos confiáveis com clientes, fornecedores e parceiros.
Além dessas dicas, é primordial contar com processos de trade compliance bem estabelecidos.
Ao implementar um programa de trade compliance eficaz, as organizações podem reduzir o risco de não conformidade e proteger seus negócios.
Confira, a seguir, algumas dicas para desenvolver um programa de trade compliance eficaz:
• Crie um comitê de trade compliance: esse comitê deve ser composto por representantes de diferentes áreas da empresa, como a área comercial, financeira e jurídica.
• Defina uma política de trade compliance: essa política deve estabelecer os objetivos e princípios do programa.
• Desenvolva procedimentos e controles: esses procedimentos e controles devem ajudar as empresas a cumprir as leis e regulamentos.
• Treine os funcionários: Eles devem ser treinados sobre as leis e regulamentos relevantes e sobre suas responsabilidades no programa de trade compliance.
A retrospectiva do Comex em 2023 destaca uma necessidade crescente de adaptabilidade e inovação.
Empresas que abraçaram a transformação digital, priorizaram a conformidade e adotaram práticas sustentáveis emergiram como líderes no cenário global.
Enquanto enfrentamos desafios em constante evolução, a agilidade e a visão estratégica continuam sendo fundamentais para o sucesso das operações.
Organizações que enfrentam os cenários desafiadores no comércio internacional munidas de uma gestão de riscos robusta, além de um programa de compliance comercial eficiente e a certificação OEA, têm uma vantagem competitiva significativa.
Essas ferramentas não apenas ajudam a mitigar os riscos inerentes ao comércio global, mas também permitem que as empresas se posicionem e atuem de forma mais resiliente diante das adversidades tornando-se empresas mais competitivas e valiosas.