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Retrospectiva do Comex em 2023: desafios e oportunidades

18.DEZ.2023

O ano de 2023 foi marcado por uma série de desafios para o comércio exterior, como a guerra na Ucrânia, conflitos no Oriente Médio, alta inflação, escassez de insumos, grande busca por iniciativas referentes à agenda ESG e Economia Verde, negociação do acordo MERCOSUL, intempéries climáticas, entre outros acontecimentos.

Apesar da grande movimentação no Comex, a balança comercial registrou um superávit de US$ 80,2 bilhões de janeiro a outubro deste ano, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICS).


Conflito entre a Rússia e Ucrânia

A guerra na Ucrânia foi um dos principais desafios para o comércio exterior em 2023.

O conflito provocou uma interrupção no fornecimento de commodities, como petróleo e gás natural, e também aumentou a incerteza econômica global.

As intempéries climáticas como chuvas excessivas no sul do Brasil e a seca na região Norte, além da seca que atingiu o Canal do Panamá foram grandes protagonistas negativas. 

As ocorrências provocaram redução e até paralisação de atividades portuárias, reduzindo o fluxo logístico e causando atrasos nas entregas.

 

Acordo comercial MERCOSUL

O Mercosul avançou na negociação de novos acordos comerciais em 2023.

Atualmente, é formado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Porém, esta última está suspensa dos seus direitos e deveres. 

Além disso, o bloco também conta com "Estados Associados", que seriam a Bolívia, em processo de adesão ao Mercosul, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.

O bloco concluiu as negociações de um acordo comercial com a Índia, que ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos quatro países. 

O acordo prevê a redução de tarifas de importação para produtos de ambos os lados.

O MERCOSUL também iniciou as negociações de um acordo comercial com a União Europeia.

As negociações ainda estão em andamento, mas o acordo tem o potencial de ser um dos maiores acordos comerciais do mundo.

 

Impactos da PEC da Reforma Tributária no comércio exterior

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária, aprovada em 2023, incluiu uma série de alterações na legislação tributária brasileira que podem impactar o comércio exterior.

Uma das principais alterações é a criação do imposto sobre bens e serviços (IBS), que substituirá o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

A PEC também prevê a simplificação da tributação de importações, com a redução da quantidade de impostos e taxas.

 

Drawback

Em 2023, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) realizou uma série de alterações no regime de drawback para facilitar o acesso das empresas a esse benefício. 

Entre as principais alterações, destacam-se:
• Ampliação da lista de produtos elegíveis: o MDIC ampliou a lista de produtos elegíveis ao regime de drawback, incluindo novos setores da indústria.
• Simplificação do processo de habilitação: o MDIC simplificou o processo de habilitação ao regime de drawback, tornando-o mais acessível às empresas.

As alterações no regime de drawback devem facilitar o acesso das empresas às exportações, tornando-as mais competitivas.

 

Eleições na Argentina

A eleição presidencial na Argentina, realizada em outubro de 2023, resultou na vitória de Javier Milei, candidato da extrema direita.

A eleição de Milei traz incertezas para o comércio exterior entre Brasil e Argentina. 

O novo presidente argentino é um crítico do Mercosul e defende a adoção de uma política comercial mais liberal.

Se Milei implementar sua agenda, isso pode levar a uma redução das tarifas de importação na Argentina, o que pode prejudicar as exportações brasileiras.

 

Economia verde e ESG

A economia verde e os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) estão ganhando cada vez mais importância no mundo. 

No comércio exterior, as empresas estão sendo pressionadas a adotar práticas sustentáveis e a melhorar sua governança corporativa.
Conheça algumas ações que as empresas podem tomar para adotar práticas ESG no comércio exterior:

• Investir em fontes de energia renováveis para reduzir as emissões de gases de efeito estufa;
• Reduzir o consumo de água e energia;
• Promover a reciclagem e a reutilização de materiais;
• Adotar uma política de compras sustentáveis;
• Respeitar os direitos dos trabalhadores;
• Promover a diversidade e a inclusão;
• Combater a corrupção e a lavagem de dinheiro.

A adoção de práticas ESG é uma tendência que está ganhando força no mundo todo. 

As empresas que se anteciparem a essa tendência estarão mais bem posicionadas para aproveitar as oportunidades do futuro.

 

Inflação

A inflação também foi um desafio para o comércio exterior, aumentando os custos de produção e transporte, o que pressionou os preços das mercadorias.

Além disso, as empresas exportadoras tiveram que aumentar os preços de seus produtos para compensar o aumento dos custos, o que reduziu a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

Outro ponto que merece atenção é que as empresas importadoras também sofreram com o aumento dos preços, o que impactou no aumento dos custos das empresas brasileiras.

 

Escassez de insumos 

A escassez de insumos foi outro desafio para o comércio exterior. A escassez de chips e componentes eletrônicos, também pressionou os preços das mercadorias.


Dicas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades em 2024 

Confira, a seguir, algumas dicas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades no Comex em 2024:

• Adapte-se aos desafios: as empresas devem estar preparadas para lidar com os desafios que moldam o cenário do comércio global. Isso inclui a diversificação dos mercados, a negociação de contratos com preços flexíveis e o desenvolvimento de estratégias de trade compliance eficazes.

• Aproveite as oportunidades: as empresas também devem estar atentas às oportunidades que surgem, como o crescimento do e-commerce e a expansão da sustentabilidade. Isso inclui investir em tecnologia, desenvolver novos produtos e serviços, buscar novos mercados e parceiros comerciais.

• Invista em tecnologia: Ela pode ajudar as empresas a enfrentar os desafios do comércio exterior, como a volatilidade dos preços e a complexidade das regulamentações. As companhias podem investir em soluções tecnológicas para automatizar processos, melhorar a eficiência e reduzir custos.

• Construa relacionamentos: Eles são essenciais para o sucesso no comércio exterior. Os gestores e funcionários devem construir relacionamentos confiáveis com clientes, fornecedores e parceiros.

 

Além dessas dicas, é primordial contar com processos de trade compliance bem estabelecidos.

Ao implementar um programa de trade compliance eficaz, as organizações podem reduzir o risco de não conformidade e proteger seus negócios.

Confira, a seguir, algumas dicas para desenvolver um programa de trade compliance eficaz:

• Crie um comitê de trade compliance: esse comitê deve ser composto por representantes de diferentes áreas da empresa, como a área comercial, financeira e jurídica.

• Defina uma política de trade compliance: essa política deve estabelecer os objetivos e princípios do programa.

• Desenvolva procedimentos e controles: esses procedimentos e controles devem ajudar as empresas a cumprir as leis e regulamentos.

• Treine os funcionários: Eles devem ser treinados sobre as leis e regulamentos relevantes e sobre suas responsabilidades no programa de trade compliance.


Conclusão

A retrospectiva do Comex em 2023 destaca uma necessidade crescente de adaptabilidade e inovação. 

Empresas que abraçaram a transformação digital, priorizaram a conformidade e adotaram práticas sustentáveis ​​emergiram como líderes no cenário global.

Enquanto enfrentamos desafios em constante evolução, a agilidade e a visão estratégica continuam sendo fundamentais para o sucesso das operações.

Organizações que enfrentam os cenários desafiadores no comércio internacional munidas de uma gestão de riscos robusta, além de um programa de compliance comercial eficiente e a certificação OEA, têm uma vantagem competitiva significativa.

Essas ferramentas não apenas ajudam a mitigar os riscos inerentes ao comércio global, mas também permitem que as empresas se posicionem e atuem de forma mais resiliente diante das adversidades tornando-se empresas mais competitivas e valiosas.

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